Os tabus que ainda dominam a sexualidade no século XXI

Os tabus que ainda dominam a sexualidade no século XXI

A sexualidade humana é tão antiga quanto a própria humanidade, mas, surpreendentemente, continua a ser um tema envolto em tabus e preconceitos, mesmo no século XXI. Apesar dos avanços na ciência, na educação e na liberdade de expressão, certos tópicos permanecem “proibidos” ou evitados.

1. Prazer feminino: um mistério por desvendar

Embora a conversa sobre o prazer feminino esteja a ganhar força, ainda é comum que seja tratada como secundária. Expressões como "orgasmo feminino" ou "clitóris" permanecem ausentes em muitos diálogos, tanto nos círculos íntimos quanto na educação sexual. A ignorância em torno deste tema não é apenas um problema de comunicação, mas também um reflexo de uma cultura que historicamente colocou o prazer masculino como prioritário.

Porquê é tabu?

  • O papel da mulher na sociedade foi durante muito tempo limitado à reprodução, ignorando a sua sexualidade enquanto fonte de prazer.
  • A falta de educação sexual abrangente reforça a invisibilidade do tema.

Como desconstruir?
Promover a educação sexual e abrir espaço para o diálogo, normalizando o prazer feminino como parte da saúde sexual.

2. Fetiches e fantasias: o lado escondido do desejo

Falar sobre fetiches ou fantasias sexuais continua a ser um grande tabu. Muitas pessoas escondem os seus desejos, receando ser julgadas ou rotuladas como “estranhas” ou “imorais”. No entanto, os fetiches são uma parte natural e saudável da sexualidade humana.

Porquê é tabu?

  • A influência de valores religiosos e morais que associam práticas alternativas à perversão.
  • A falta de informação que leva à estigmatização.

Como desconstruir?
Criar espaços seguros para discussões honestas, onde as pessoas se sintam à vontade para explorar os seus desejos sem medo de críticas.

3. Poliamor e relações não convencionais

O modelo monogâmico continua a ser a norma predominante, mas há um crescente interesse em formas alternativas de relacionamento, como o poliamor, relações abertas ou anarquia relacional. No entanto, essas escolhas são frequentemente vistas como “erradas” ou “ameaças” à estrutura tradicional da família.

Porquê é tabu?

  • A monogamia é historicamente associada à estabilidade social e moral.
  • Muitos ainda confundem poliamor com promiscuidade ou infidelidade.

Como desconstruir?
Educar sobre a diversidade de modelos relacionais, mostrando que o amor e o compromisso podem assumir diferentes formas.

4. Masturbação: um ato natural, mas ainda secreto

Apesar de ser uma prática comum em todas as idades e géneros, a masturbação continua envolta em vergonha e silêncio. Para muitos, é vista como um tema embaraçoso ou como algo que “não deveria ser discutido”.

Porquê é tabu?

  • A influência de crenças religiosas que a associam à culpa ou pecado.
  • Mitos como “faz mal à saúde” ou “é algo vergonhoso” perpetuam o estigma.

Como desconstruir?
Falar abertamente sobre os benefícios da masturbação para o bem-estar físico e mental, ajudando a quebrar preconceitos.

5. Idosos e sexualidade: um assunto ignorado

A sociedade tende a associar a sexualidade à juventude, ignorando que o desejo e a intimidade fazem parte da vida em todas as idades. A sexualidade na terceira idade é muitas vezes  tratada como um assunto “inapropriado”.

Porquê é tabu?

  • Estereótipos que ligam envelhecimento à perda de desejo sexual.
  • Falta de representatividade nos mídia e na cultura popular.

Como desconstruir?
Promover narrativas que celebrem a sexualidade em todas as fases da vida, valorizando a experiência e o autoconhecimento dos mais velhos.

Caminhar para uma sexualidade mais livre

Os tabus da sexualidade não são apenas um reflexo das nossas crenças, mas também das estruturas sociais que perpetuam o silêncio e a vergonha. Desconstruí-los exige coragem para questionar normas, educar com empatia e abrir espaço para conversas honestas.

Ao enfrentar estes temas, estamos a contribuir para uma sociedade onde todos se sentem livres para explorar e expressar a sua sexualidade sem medo ou julgamento.

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